A aprendizagem contínua sempre foi uma exigência para os advogados. Os profissionais precisam sempre conhecer as leis, que são constantemente atualizadas para acompanhar as mudanças da sociedade. No entanto, a reforma do Direito Processual Civil em 2015 trouxe mudanças mais profundas ao direito contemporâneo.
À medida que as novas regras buscavam tornar mais céleres os processos de diferentes áreas do Direito e estimular a busca por acordos entre as partes, um novo perfil do advogado moderno foi sendo construído. Cada vez mais, é preciso ter capacidade técnica de negociação, inteligência emocional, atenção ao uso das ferramentas tecnológicas e preparação para atuar em diferentes áreas, conforme apontam professores e alunos dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Direito da Universidade de Fortaleza, instituição vinculada à Fundação Edson Queiroz.
Se antes a formação dos advogados costumava ser mais voltada a uma postura contenciosa, ligada à disputa e ao litígio, eles precisaram se adaptar. O atual Código de Processo Civil (CPC) brasileiro é considerado muito moderno e abre mais espaço para que os advogados atuem priorizando a conciliação e a mediação entre as partes – importantes para resolver os conflitos antes que eles sejam de fato levados à Justiça. Isso exige uma mudança de perspectiva do profissional, além de habilidades técnicas de negociação e de diálogo.
“O código atual situa o processo em um modelo cooperativo, no qual todos os seus sujeitos são responsáveis pelo alcance da solução de mérito do conflito, justa, efetiva e proferida em prazo razoável”, explica Brena Bomfim, coordenadora da Escola de Direito da Pós-Unifor, advogada e doutoranda em Direito pela Universidade de São Paulo (USP).
Outra mudança do CPC veio para dar mais alternativas à ampla defesa já prevista na Constituição Federal. Os advogados precisam, então, estar mais preparados para este contraditório e para as possibilidades de reação nos processos judiciais. Além disso, nos últimos anos, o Judiciário brasileiro criou novas ferramentas tecnológicas para desburocratizar e dar mais agilidade aos processos. É neste cenário que os advogados são ainda mais estimulados a se modernizarem para prestar um serviço de qualidade e ter sucesso na profissão.
Procurador do Estado do Ceará, Juvêncio Vasconcelos Viana lembra que o novo código busca dar respostas práticas e definitivas aos problemas do processo judicial – e que o advogado precisa desenvolver novas habilidades e competências porque está no centro de tudo, já que é ele quem propõe a ação e faz a defesa nos processos. “Não adianta você criar uma ferramenta nova e o usuário não saber como manejar essa ferramenta. Não adianta você ter um excelente veículo e não ter pilotos preparados para ele”, ele defende.
A necessidade dessas novas competências e habilidades na advocacia contemporânea será abordada pelos professores Brena Bomfim e Juvêncio Vasconcelos na palestra “O CPC/2015 e o perfil do moderno advogado”, que acontece no próximo dia 27 de maio, às 19h, na sala B47 (Bloco B) da Unifor. O evento coroa o lançamento de novos cursos de Pós-Graduação da Universidade de Fortaleza, como a especialização de Direito Processual Civil e a Pós-Graduação em Direito e Processo Constitucionais.
A iniciativa faz parte da proposta da Unifor de abrir novas possibilidades para dar a formação complementar necessária ao advogado moderno. “O currículo de todos os cursos de especialização que envolvem temática de processo foi alterado, visando exercitar essas competências por meio de inúmeras iniciativas, tais como metodologias ativas de ensino e aprendizagem, palestras com processualista de renome nacional e atividades avaliativas práticas”, conta a coordenadora Brena Bomfim.
Ferramentas para se inserir no mercado desde a graduação
O advogado Filipe Jucá Pinheiro estava terminando a graduação em Direito da Unifor quando entrou em vigor o novo CPC. Ele conta que precisou se adaptar às novas exigências praticamente já no mercado, onde atua na área de Família e Sucessões. As atualizações das novas regras para esta área, segundo ele, são voltadas para a solução pacífica de conflitos, incentivando a conciliação. “Eu busco me aperfeiçoar na negociação, entender a dor do meu cliente para conseguir uma harmonia nas demandas dele, atingindo o melhor resultado sem que haja uma ação que vai ser mais custosa para ele”, aponta.
Filipe acredita que o advogado precisa se modernizar junto com todos os ramos de negócio. “Além do conhecimento técnico jurídico, o advogado precisa saber como tratar o cliente, fazer a leitura do seu problema. E ainda precisa ser um bom ‘marqueteiro’ dele mesmo, ser empreendedor e comunicativo. Hoje a advocacia também está na internet, porque o cliente está na internet”, aponta o advogado, que atua em Fortaleza no escritório Jucá & Sampaio Advocacia.
Segundo o egresso, a Unifor abraça o estudante de Direito e dá muitas ferramentas para que ele consiga se inserir no mercado de trabalho, atualmente tão competitivo. “O aluno que quer ter contato com a advocacia na prática pode fazer isso já dentro da Universidade, nos núcleos de práticas jurídicas. Há professores de todas as carreiras jurídicas na Unifor”, destaca ele.
Formação complementar para além do tecnicismo
Advogado trabalhista, Danilo Menezes conta que buscou a Pós-Unifor logo que concluiu a graduação porque desejava uma formação complementar mais abrangente e que fosse para além do tecnicismo. Aluno da especialização em Direito e Processo do Trabalho na Unifor, ele tem se aprofundado com aulas práticas sobre temas necessários para o profissional que objetiva se destacar no mercado de trabalho, como gestão de conflitos, marketing jurídico, argumentação jurídica e legal design.
“É uma formação que de fato procura impactar na formação de profissionais que estarão preparados para os desafios que o mercado apresenta”, compartilha Danilo, que também é consultor jurídico em PWR Gestão e colunista no blog Prática Trabalhista. O advogado acrescenta que, na Unifor, tem tido acesso a conhecimentos de outras áreas importantes para sua prática como consultor, de modo a conhecer, entender e aplicar bem a comunicação e a gestão do tempo.
“Como exemplo, o módulo ofertado em Mediação e Gestão de Conflitos (na especialização em Direito e Processo do Trabalho) nos deu as ferramentas necessárias para refletir, pensar e encarar os conflitos sob uma nova perspectiva, pensando nos reais impactos que um acordo pode trazer para as partes envolvidas numa ação”, pontua Menezes.
“O conhecimento estritamente tecnicista pode, hoje, ser suprido por máquinas, vide a inteligência artificial ‘Victor’, desenvolvida e aplicada no STF. Saberes afins como gestão de escritório, economia e aplicações financeiras são alguns dos conhecimentos indispensáveis para o sucesso de um profissional, seja ele optante da carreira solo ou aquele que traça o seu caminho em um escritório ou no jurídico interno de alguma empresa”
Danilo Menezes, advogado trabalhista e aluno da Pós-Unifor
O advogado em todas as áreas
Segundo a coordenadora Brena, inquietude e curiosidade são características importantes para um bom profissional do Direito atualmente. Ela destaca que é importante que os advogados estejam atentos para a utilização de ferramentas tecnológicas e também para as novas oportunidades de atuação que se desenham na sociedade.
Juvêncio Vasconcelos, por sua vez, concorda e enfatiza que o Direito hoje consegue abraçar ainda mais áreas porque está em praticamente tudo na sociedade contemporânea; na atual conjuntura brasileira, por exemplo, em que a economia precisa ser resgatada, o advogado deve estar preparado para orientar empreendedores.
“O advogado precisa ser mais interdisciplinar. Tem que conhecer não só de Direito, mas conhecer um pouco de economia, administração, contabilidade. Não tem como ele resolver problemas só no território do direito, precisa passear por outras áreas”
Juvêncio Vasconcelos Viana, advogado, procurador do Estado do Ceará e professor titular da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC)
O conhecimento técnico em Direito sempre foi uma exigência permanente aos advogados, que agora precisam dedicar tempo também ao networking e ao marketing em um mercado que está cada dia mais competitivo. “A seleção passa pelo conhecimento técnico. Na nossa área, somos muito indagados e precisamos estar preparados para dar respostas”, aponta Juvêncio. “Não precisa fazer uma graduação de economia, por exemplo, mas é importante saber algumas coisas desta área”, complementa. Para ele, é preciso que os cursos ligados ao Direito estejam focados em explorar também conceitos tecnológicos em meio a esta interdisciplinaridade atualmente exigida.
Via: https://g1.globo.com/ce/ceara/especial-publicitario/unifor/ensinando-e-aprendendo/noticia/2022/05/25/um-novo-momento-para-advogados-de-sucesso.ghtml